sábado, 13 de agosto de 2011

COMO NOSSA FÉ TEM REFLETIDO NO MUNDO?



Ontem tive uma experiência que muito me entristeceu. Porém, foi importante como um convite para uma reflexão que se faz necessária nesses dias.
Estava a caminho da faculdade quando entrou no ônibus em que me encontrava dois jovens irmãos evangélicos bem vestidos, de terno e gravata e tudo o mais. Traziam em suas mãos as suas bíblias e junto o orgulho de carregá-las. Apesar do calor não se importavam com o contraste em relação aos outros passageiros (inclusive eu).
Fiquei feliz de ver dois jovens que poderiam estar nas drogas, no crime, levando uma vida pecaminosa e degradada ali na minha frente mostrando que fizeram uma escolha melhor.
Um deles sentou-se ao meu lado e o outro ficou em pé no corredor bem ao nosso lado.
Percebi pelas palavras que trocavam, que eram de uma igreja que eu já visitei muitas vezes nesses 25 anos de evangelho, no início de minha conversão. Famosa por sua sede de 80 portas no centro de São Paulo era uma boa opção para novos convertidos que na força do 1º amor procuravam as vigílias de oração. Não me contive e logo puxei conversa. Disse que conhecia a igreja deles, que já havia participado de várias vigílias na sede mundial. Quando mencionei que era evangélico foi que começou o problema.
Acontece que ao contrário de mim, que me alegrava por vê-los como servos do Senhor, eles se entristeciam por que eu ainda não seguia a “verdadeira doutrina”. Quando viram que eu usava brinco me disseram que Deus iria arrancar-me o brinco deixando despedaçada minha orelha no dia do juízo. E enquanto eu tentava me defender sem que para isso menospreza-se aquilo em que eles criam, eles usavam versículos avulsos da bíblia para tentar provar que usar brinco era coisa do demônio. Tentei então falar dos milagres que estou vivendo nesses dias, da minha sede por almas salvas, de meu medo maior de chegar diante do Senhor de mãos vazias. Mas nada adiantava, eles tinham como que cristalizados em sua mente que não era possível o Senhor estar comigo, pois eu não seguia a “verdadeira doutrina”. E assim, eles continuavam citando a palavra com versículos fora de seu contexto. Pareciam dois soldados me metralhando com versículos da palavra. Expliquei que não importava nossas diferenças nos dogmas e costumes, que estas diferenças eram até importantes, pois assim, se poderiam atingir muito mais pessoas, visto que existem tantas pessoas diferentes nesse mundo, que existem pessoas que só conseguem servir ao Senhor em igrejas mais tradicionais, outras preferem igrejas não pentecostais, outras só são alcançadas através do movimento neo-pentecostal e assim por diante. Nesse momento, eles até pareceram refletir um pouco sobre o que eu falei. Orei em espírito para isso acontecesse. Mas logo voltaram a se defender. Como se acreditar no que eu falei tornasse debalde tudo o que eles criam.
Quando começaram a se exaltar um pouco e estavam prontos a falar dos erros das outras igrejas, interrompi novamente citando a palavra, quando Davi, mesmo sabendo que Saul estava errado, sendo ameaçado por este de morte, ao encontrá-lo na caverna dormindo poderia ter matado seu inimigo, porém não ousou
I Samuel 24:10
“10 Eis que este dia os teus olhos viram que o SENHOR hoje te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do SENHOR.”
Disse que mesmo que me provassem que o bispo tal fez isso, que o pastor tal aprontou qualquer coisa, eu nunca iria fazer o trabalho do inimigo de ser acusador, que eu nunca iria tocar nos ungidos do Senhor por que isso é um grande mal. Expliquei que muitos irmãos não compreendendo essa palavra trouxeram muitas maldições para sua vida ao falar mal de um pastor, ou mesmo de um irmão de qualquer igreja.
Ainda assim, eles não abaixavam a guarda.
Então apelei para o que o Senhor tem feito em minha vida. Contei parte de meu testemunho. Falei que fui morador de rua, que fui liberto e minha vida foi abençoada pelo Senhor. Que Ele tem cuidado de mim a cada dia. Contei que atualmente estou no último semestre da faculdade de Psicologia, uma bolsa integral que recebi do Senhor. Falei que estou sem trabalho, e o Senhor tem me sustentado, que tem levantado pessoas para me ajudar com o aluguel, com material da faculdade e alimento. Disse que Deus tem cuidado de cada detalhe de minha vida.
Na medida em que dava meu testemunho via que eles pensavam em tudo aquilo, eu mesmo ao relembrar as coisas que o Senhor tem feito por mim regozijava a cada comentário que narrava a meus ouvintes. Quando acabei, disseram, “Muitos vão dizer que profetizaram em meu Nome, fizeram maravilhas e serão lançados no fogo do inferno. Quanto aos milagres que eu recebi disseram que o inimigo pode ate transfigurar-se em anjo de luz.
Poxa! Aquilo não cabia para mim! Mas eles acreditavam que sim. Estavam com as mentes tão cauterizadas pelo legalismo que não podiam ver em meu semblante a alegria e o regozijo ao contar-lhes meu testemunho. Como não me vestia como eles, não podiam ver em mim um irmão na fé de Cristo. O que eles não sabiam é que mesmo que não estivessem vestidos daquela maneira e com a bíblia presente em suas mãos poderia se notar algo diferente em seus semblantes. Falei que era importante que eles, enquanto servindo numa igreja que tinha aquelas regras deveriam obedecer, pois isso era bom aos olhos do Senhor, mas que não podiam julgar ao que os outros criam, dede que estivessem dentro da doutrina de salvação (duvido que eles saibam diferenciar doutrina de salvação de costumes, mas mesmo assim falei).
Como chegava meu destino e logo iria descer levantei-me, e disse-lhes que precisamos reverter à maldição de babel, citando o que eu postei aqui em outra mensagem.
Confira clicando AQUI
Disse a eles que era isso que o inimigo queria que nós ficássemos discutindo nossos costumes ao invés de pregar o evangelho de salvação no Nome de Jesus. Que enquanto perdêssemos nosso tempo fazendo o trabalho do Espírito Santo tentando mudar as pessoas, o inimigo levava muitas almas para a perdição nas drogas. Que muitas pessoas deixavam de nos ouvir por que não entendem por que devem seguir um povo que não se entende, que prega o amor e vivem tão desunidos.
Eles disseram que sabem que placa de igreja não salva ninguém, mas que só vai para o céu é quem segue a “verdadeira doutrina” (que por acaso só a igreja deles segue).
 Assim dei-me por vencido. Despedi-me e disse que iria visitá-los em sua igreja qualquer dia. Pedi que orassem por mim e desci do ônibus já orando ao Senhor, pedindo que pelo menos algumas das sementes que lancei pudessem germinar em suas mentes.
Não muito diferente deles existem muitos assim. Não apenas tradicionais como estes, mesmo entre os novos pentecostais encontramos algumas igrejas que realmente agem da mesma maneira. Com medo de perder seus membros para outras denominações agregam em suas “doutrinas” e costumes coisas como se fossem obrigatórias para se chegar à salvação com a finalidade que ninguém mude para outra igreja que não siga o mesmo modelo.
Eu não sinto mágoa daqueles irmãos por eles não me considerarem salvo. Sinto uma tristeza por entender que isso tem atrapalhado o crescimento da igreja. Não importa que eles sejam parte de um ministério enorme. Ainda assim existem muitas almas ainda perdidas precisando se encontrar com a verdade da palavra do Senhor. Muitas pessoas que ainda vão se sentir bem em conhecer ao Senhor e segui-lo na igreja deles, porém muitos também necessitados que precisem de outros modelos de igrejas sem muitos outros fardos para carregar onde poderão ser muito usados para o Reino de Deus.
Sei que aqueles irmãos não vão ler essa postagem nesse blog, para eles a internet é do demônio. Mas tudo bem, você está lendo, e isso é muito importante. Não para fazermos coro contra eles, mas para mostrarmos que os amamos em Cristo e acreditamos que eles são nossos irmãos e nós os encontraremos no dia do Senhor. E para que saibamos como explicar isso , quando ao levarmos o evangelho para as pessoas , estas nos perguntarem o porquê dessas diferenças. Assim, ao mostrarmos nossa compreensão e nosso amor ao invés de falarmos mal deles, talvez possamos ganhar mais almas para o Reino de Deus.
Peço ao Senhor o avivamento para o Brasil, um avivamento que comece com a união das nossas igrejas.
Peço realmente que nossa fé esteja refletindo o sacrifico de amor do Senhor naquela cruz por toda humanidade, compreendendo as diferenças, culturais e sociais de todos. Que em nós esse amor de Deus reflita para o mundo e alcance muitos corações sobrecarregados de tanta dor.
Jesus morreu naquela cruz para que tivéssemos vida e em abundancia, não para que vivêssemos em discussões quanto a nossa fé.  Mas para que vivêssemos Seu amor.
Eu quero fazer parte disso.
A Paz do Senhor!

Marcelo Bancalero
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